Para Bárbara, Software Livre com amor

Querida amiga, você pediu por uma resposta. Ela é longa e bem intencionada. A faço pública porque suas dúvidas e receios são também de outros.

Na Campus Party Brasil de 2014 tive o prazer de te conhecer, Bárbara Tostes. Naquele, então, estavas na equipe de curadores do eixo temático do Software Livre e te mostrastes uma pessoa muito sagaz, empreendedora, cheia de inciativa e especialmente criativa. Assumistes para si a interação com os participantes do evento pelas redes sociais. Com nítidas habilidades gráficas estava claro que esse, era também, teu trabalho, ou seja, fizestes das artes gráficas teu meio de vida e aplicavas nela todo o sentido crítico do seu curso de jornalismo.

Teu entusiasmo e personalidade me remeteram imediatamente aos primeiros ativistas de Software Livre que inundaram as primeiras edições do FISL e Latinoware. Então antes de mais nada, aqui há meu respeito e admiração pelo seu trabalho e ativismo. Em segundo, um tremendo carinho por ser, você, uma convicta e verdadeira ativista do Software Livre. E por fim, e mais importante, minha extrema preocupação pela sua absoluta inocência por não conseguir discernir Software Livre de OSI.

Como tenho dito em outros artigos, OSI e Software Livre não são a mesma coisa. Na verdade suas convergências são muito menores que suas diferenças. Enquanto um trata de filosofia, ética, moral e liberdade, o outro trata de mercados, finanças, técnicas e modelos de negócio. Então misturar as duas coisas não poderia terminar bem. Você, Bárbara é apenas mais uma vítima, dessa mistura. E a culpa é minha. Não só minha, mas de toda a comunidade de Software Livre que deliberadamente se deixou encantar pelos argumentos mercantilistas da OSI, há uns 10 anos atrás.

Li seu artigo \”como é difícil ser livre!\”, externando sua inocência e perplexidade frente aos novos argumentos levantados pelos ativistas do movimento Software Livre, que estão tentando corrigir o erro histórico de ter misturado o mercantilismo OSI com a filosofia GNU. Eu incluído e citado.

Já no primeiro parágrafo você deixa claro que não percebeu a mistura homogênea que foi feita com o propósito de destituir o conteúdo filosófico do projeto GNU, quando falas nas Distribuições Linux. Permita-me te dizer que essa não é uma verdade. O Movimento Software Livre não usa um sistema Linux, não desenvolve um sistema Linux e não mantém um sistema Linux. O sistema é GNU. O kernel pode ser Linux ou não. Mas o sistema como um todo é GNU. Veja, no dia em que o kernel Hurd estiver usável e for feita uma distribuição usando-o, vamos chamá-la de distribuição Hurd? Pouco provável. Quer dois exemplos proprietários? Android e MacOS, usam kerneis livres. O primeiro Linux, o Segundo BSD. Não vejo ninguém chamando o MacOS de Distribuição BSD. Nem o Android de distro Linux. A lista de exemplos é imensa: Gnome ou KDE? Coloque o kernel no seu devido lugar: é apenas mais um componente do sistema GNU.

A marca Linux ganhou espaço na mídia e o consciente coletivo das massas, porque ele destitui o fator ideológico do nome do sistema operacional, ao remover o GNU. Inclusive o Linus Torvalds tem um papel fundamental nesse processo por não dar a devida importância à liberdade. Como ele mesmo declara, ele \”faz livre porque é divertido, o resto é bobagem\”. Veja, o mesmo acontece com o termo \”hacker\”, que como todos nós sabemos, é algo bacana, legal, inteligente e excitante, mas que na mão da mídia marrom, se transformou em sinônimo de crime, ilícito, desajustado, terrorista…

Então se você defende a liberdade essencial, aquela que transforma a vida, não use mais \”Linux\” para definir o nome de nenhum sistema operacional Livre. O Linux é um excelente projeto de Software Livre, coordenado por um gênio que só olha par seu próprio umbigo. E nada mais.

E você, Bárbara tem toda a razão quando diz que ser livre é muito difícil. Guerras mundiais fora travadas em seu nome. Hoje o controle planetário pela disseminação e uso das redes sociais devassas, tem tudo haver com a manutenção ou perda das mais elementares liberdades individuais. Você não precisa ter algo a esconder para ter direito a privacidade. Até porque, pense bem, se for assim, todos os que manifestarem interesse em tê-la serão alvos da curiosidade daqueles que não a querem permitir. Some à complexidade natural do tema, toda a pressão de marketing e ideologias do livre mercado, e teremos as reações mais absurdas, onde se justifica a perda da liberdade em nome de tê-la!

Confuso? Vou explicar, mas leia com calma os dois próximos parágrafos.

Por volta de 2004 a comunidade de Software Livre no Brasil estava completamente convencida de que a liberdade tecnológica era o caminho certo. O grande desafio era como fazer o GNU e sua filosofia chegar até as pessoas. A FSF, com o Stallman e Alexandre Oliva à frente, bradavam que o objetivo não era a massificação, mas o entendimento, o convencimento. Qualidade sobre quantidade, pois de nada adiantaria criar uma massa de usuários de tecnologias livres se eles não soubessem o que estavam usando. A ignorância dos usuários seria o elo fraco que permitiria a apropriação dos meios pelos poderosos, como sempre. Em contraponto estavam a Linux International, capitaneada pelo querido Maddog e Linus, e a OSI com seu maior expoente, Eric Raymon, que diziam exatamente o contrário: era necessário massificar o uso e a adoção a qualquer custo, em especial pelas empresas que são o motor da sociedade capitalista ocidental. Uma vez que a massa estivesse usando não seria nem necessário mais falar em liberdade, afinal, eles já estariam livres, certo? Dez anos depois, já podemos concluir quem tinha razão.

O Linux é sem dúvida um dos maiores e mais importantes projetos de Software Livre, usado em 9 de cada 10 distribuições GNU. Portanto é um programa crítico que não deveria ser \”infectado\” por software não livre de forma alguma! Mas o argumento de que a massificação faria a diferença foi tão contundente que, como comunidade, como grupo social organizado, permitirmos a inserção de código fechado nele, proprietário mesmo. Permitimos que nossa liberdade fosse cerceada, na busca por garanti-la e massificá-la. Faz algum sentido isso? Então agora a liberdade de escolha, aquela que você menciona, está entre escolher qual será sua distribuição GNU não livre. Que armadilha!

Deveríamos ter reagido! Deveríamos ter dito: ei! Nada disso! Os fabricantes de hardware que se ajustem, que abram seus drivers e façam maquinas compatíveis ou não compraremos seus equipamentos! Mas não fizemos isso. Porque não? Acreditávamos que se entregássemos os anéis, não perderíamos os dedos. E com a massificação do Software Livre – que agora nem é tão livre assim – estaríamos levando o melhor para as pessoas. Erramos feio. E estamos cometendo o mesmo erro com a adoção massiva das redes sociais devassas. Ativistas de Software Livre se lambuzando! Amanhã pagaremos o preço!

O Ubuntu surgiu como sendo a prova material de que era possível ter um modelo de negócio que respeita-se os conceitos filosóficos do Software Livre. Uma distribuição GNU, jovem, com alto investimento financeiro, com estrutura profissional, com aquele jeito de empresa web, bom acabamento e um apelo intangível da inocência africana! Era quase como um ato de boa fé! Eu mesmo embarquei nessa em 2005 e fui usuário e disseminador do Ubuntu até novembro de 2012. Cheguei até a fazer um bordão com o significado, para provocar os amigos do Debian: \”Ubuntu é uma palavra africana que significa Debian bem feito\”. Provocação pura! Assim ajudei a disseminar o Ubuntu e a massificar o uso de \”Linux\”, como todos os demais ativistas de Software Livre! Estava militando no movimento social mais justo e revolucionário de que tenho notícia! Isso sem falar no meu uso do Gmail.

O que aconteceu em outubro de 2012 foi uma das maiores traições à comunidade de Software Livre mundial. Os detalhes e suas consequências estão descritas no artigo \”Microsoftização da Canonical\”, mas em resumo, eles inseriram um spyware no ambiente gráfico padrão sem avisar nada a ninguém! E como se não bastasse a violação total de confiança, quando foram confrontados com os fatos, recorreram a argumentação mercadológica de que \”todos estão fazendo isso, então não é nada grave demais. Vocês, os radicais, estão fazendo uma tempestade em um copo d\’água\”. Desde então, minha confiança na Canonical e no Ubuntu foi reduzida a zero. Como confiar que essa é a única armadilha plantada sem conhecimento de ninguém? Afinal de contas as empresas de TI são repletas de ações anti éticas, amorais e mercadológicas que \”todas fazem\”. Na Canonical não podemos mais confiar. E mais uma vez, a comunidade Software Livre em vez de se indignar, reclamar e deixar claro que não admitiria tamanha traição, fez o oposto: se fez de cega, surda e louca. Deu de ombros, creditou mais uma paranoia à FSF e Stallman e continuou usando e disseminando o spyware disfarçado de Software Livre, como se estivessem no maravilhoso mundo de Alice!

Perceba que seu desejo é que as pessoas, prefeituras, bancos e demais usem Software Livre. Então nada de Ubuntu, pois ele vem com um kernel cheio de componentes não livres e com spyware. Nada mais parecido com o Windows! Tanto que o amigo Júlio Neves o batizou de \”Linux Vista\”! Mas alguns pseudo ativistas, inebriados pelo mercantilismo conseguem a proeza de deformar tanto a lógica livre, que tem propagado que usar Ubuntu é o mesmo que usar Debian! Um absurdo completo! E se fosse um desqualificado a ter feito tal afirmação, ainda vá lá! Mas estamos falando de gente da própria comunidade Debian!

Mas nem tudo está perdido, pois parte da comunidade Software Livre percebeu o engodo: não podemos mais pautar a liberdade tecnológica pelo dueto da massificação e mercantilização. Lentamente os sistemas operacionais estão perdendo a importância, sendo trocados por serviços e aplicativos na nuvem. Inclusive os computadores, o hardware mesmo. Hoje se troca de celular, tablet ou notebook sem maiores traumas, afinal de contas os arquivos e aplicações podem ser restaurados com alguns cliques. E são esses os grandes serviços que representam a maior opressão às liberdades que tanto defendemos. Google, Instagram, Facebook, Dropbox, Skype, Netflix e mais um monte de aplicações proprietárias tem se apropriado das tecnologias livres, das falhas em nossas licenças, e especialmente da complacência da comunidade e dos movimentos, para repensar seus modelos de negócio da forma mais lucrativa para eles, usando nossos meios de produção, ideias e trabalho colaborativo. Nenhuma preocupação com liberdades ou direitos, apenas massificação e lucros!

Então, Bárbara, se você queria muito que as pessoas, prefeituras, bancos, negócios e demais usassem \”Linux\”, pode relaxar: 90% dos smartphones do mundo usam Android. Seu maior desejo já é realidade. Sabendo disso, se pergunte como essa massificação no uso aumentou a autonomia, segurança ou liberdade das pessoas? Até onde consigo perceber, ao usar Andoid de fábrica, as pessoas estão carregando consigo sistemas de monitoramento em tempo real. Ao adicionar suas contas do Google e permitindo, automaticamente, que a mega corporação dos USA monitore cada movimento, ligação, mensagem, foto, desejo, ideia ou sonho, elas estão sendo mais livres? Mas pode ser ainda mais sinistro: estudo de caso feito pelo Facebook com 700 mil pessoas provou que eles são capazes, também, de influenciar diretamente o humor e expectativas dos usuários! Não estão apenas monitorando, classificando, perfilando e categorizando. Estão gerando tendências artificialmente.

Sua insegurança é causada pelo choque de contrapor liberdade como algo que não pode ser conseguida sem um modelo de negócios que gere receita para pagar as contas. Essa é a grande mentira do sistema capitalista, onde o objetivo maior é ganhar dinheiro e não fazer as coisas do jeito certo. A concepção de que o objetivo maior é ganhar a vida antes de educar, ser educado, respeitar e ser respeitado é o que afoga a todos no mar de lama do consumismo. Como somos impelidos a nos classificar em sociedade, terminamos fazendo isso pelo consumo. Onde quem consome mais é melhor. Não se destaca quem respeita mais, ou quem ama mais, ou quem mais luta pelas minorias, ou quem, de fato, dedica a vida a defender a liberdade. A capacidade de acúmulo e consumo passou a definir quem se destaca. Antepor qualquer valor moral, ético ou até mesmo religioso a isso, te desqualifica em vez de te destacar.

Eu não estou me contrapondo a ganhar dinheiro. Não estou propondo viver de luz, nem nenhuma outra baboseira (me desculpem os bobos) desse tipo. Eu vivo de Software Livre! Ganho a vida da mesma forma que você e dos demais 95% dos humanos: vendendo minha força de trabalho. Viver de Software Livre é igual a viver de qualquer outro tipo de Software. É como plantar orgânico ou transgênico. Plantar é plantar oras! Mas o que se planta e como se planta, definira certamente o que se colhe. Eu planto Software Livre, sem agrotóxico, sem semente transgênica e sem atravessador. Quem me ensinou foi o Stallman.

Concordo muito contigo quando dizes \”que não podemos ser livres assim, que não podemos mostrar a liberdade que temos (ou não temos), sem exemplos\”. Nós, os ativistas de Software Livre devemos dar o exemplo do que é ser livre tecnologicamente, e devemos defender essa liberdade. Devemos não fazer concessões, não sermos coniventes, não sermos acomodados ou complacentes, além de não nos deixar levar pelas ondas mercadológicas. Como ativistas, devemos nos recusar a usar ferramentas proprietárias e devassas como Facebook e Gmail. Devemos refutar com veemência o Ubuntu pela sua traição. Não devemos assinar o NetFlix. Devemos retomar o curso da defesa do Software Livre e seus símbolos: FSF, GNU e Stallman. Olhar para trás, identificar o erro e corrigi-lo, como bons hackers que somos!

Um dia, muitos optaram por se libertar do Windows! E isso foi muito além de apenas não usar Software Proprietário. Fomos criticos contumazes de seu modelo de negócio, dos seus ardis mercadológicos e de se seus anseios monopolistas. O que difere as empresas que citei antes da Microsoft? Foi a promessa de que uma nova ordem estava se estabelecendo e que nós faríamos parte dela. Uma nova ordem tecnológica que levaria liberdade, segurança e autonomia ao usuário. Então, uma vez empoderado, nós, os humanos conectados, seríamos mais fortes e poderíamos usar esse poder para transformar o Mundo em um lugar melhor, mais justo, mais limpo, mais fraterno. Eu sonhei isso contigo e com muitos outros.

Mas a realidade é bem diferente. Ingênuos, fomos usados, fomos corroídos por dentro pelo movimento contra-revolucionário chamado OSI. Esse movimento infiltrou o mercantilismo e a complacência com o Software Proprietário, sob o argumento da massificação de seu uso, e promoveu o \”Linux\” sobre o \”GNU\”, os modelos negociais sobre as comunidades de usuários, o ganha-pão sobre o voluntariado, o Maddog sobre o Stallman, e como eles mesmo dizem, não veem mal algum em usar as redes sociais e serviços on-line privativos. Hora de reagir!

Então minha amiga. Concordamos que ser livre não é fácil. Será que concordaremos mais ainda?

Saudações Livres!

9 comentários em “Para Bárbara, Software Livre com amor”

  1. Eu concordo em partes, a transformação de OSI para puramente SL é árdua, uma transição duradoura para alguns e rápidas para outros. Concordo com a questão da massificação do Ubuntu, muita gente escrevendo ruwindos e sequer sabia quem era stallman, fsf e as 4 liberdades.

    Eu não vejo que as coisas estão tão perdidas assim, cabe aos ativistas e simpatizantes informar, abrir os olhos e ensinar toda a parte filosófica do uso de SL. Mesmo eu que uso tanto software livre como proprietário, seja pelo motivo que não cabe falar aqui, também posso falar sobre SL e alertar sobre esses perigos, não é porque infelizmente eu não use puramente gnu/Linux que uma pessoa que me escutar possa conseguir usar.

    Sobre o serviço de streaming como netflix é algo que não tenho posição, porém acho válido a sua utilização ainda mais em locais onde não se tem sequer um cinema, de certa forma está levando informação e dando oportunidade das pessoas assistirem algo que talvez nunca iriam ver porém isso tem um custo e não apenas referente a ser proprietário ou não.

    Surpreso por não usar seu radicalismo extremo nesse texto, acho que não vai assustar quem está perdido nessa caminhada.

    E sobre empresas se utilizarem de ideias,ferramentas para fazerem serviços fechados é algo que tem crescido bastante, creio que isso ainda vai causar fortes discussões porque ainda estamos na fase inicial desses processos.

  2. Obrigada pelos elogios e pelas explicações, “Aninha” (lembra que o chamava assim lá na Gincana Livre?). Ainda tenho que me acostumar a essas mudanças todas, só que tenho saudades dos tempos que não separavam as coisas 🙂 Se for pelo GNU, não acha que todos devemos parar de participar de eventos que visam lucro? Colocam a gente lá e vendem o palco para a Microsoft falar de Software Livre e estão todos de acordo! Isso que acho estranho. Que filosofia é essa? Eu tento seguir as liberdades, só isso, por enquanto! 🙂 valeu!

    1. Bárbara,

      A batalha hoje é muito mais dura. Não acho que ter ou não lucro, deva definir nossa presença ou não. Se temos espaço para falar de Software Livre, do jeito certo, com a contundência necessária e sem pedir nenhum tipo de censura prévia, porque devemos deixar de participar?

      Se a militância hoje é mais difícil temos que ser capazes de aproveitar os espaços oferecidos, mesmo que sejam dos opositores. Por isso estive na CPBR 2014 e estarei lá de novo em 2015. FISL, Latinoware, OpenSUSE Conference, CONSOLINE, FTSL, ESLAPE, EPEPE, FUNDAJ, LAC IGF, CISL, FONCEGE, CONSEGE e onde mais nos derem espaço ajudar a elucidar a confusão que foi feita.

      Seguir as liberdade é um passo fundamental! É dar o exemplo, é mostrar o jeito certo de fazerem as coisas. Usar GNU e se pautar pela filosofia do Software Livre NUNCA foi uma decisão pautada pelo conforto ou ganho material. É claro que se pode ganhar dinheiro e é claro que podemos ter mais conforto, mas serão consequências de um trabalho bem feito.

      Sigamos

  3. Olá Bárbara,

    sim é bastante difícil ser livre, por uma razão simples e óbvia: Há muitos que não nos querem livres!

    Esses que dominam e pretendem continuar dominando sempre usarão de estratagemas para não nos deixar livres, a luta não vai acabar.

    Portanto, não acho que tenhamos mudado nosso comportamento: de valorizar e procurar a liberdade.
    Ainda fazemos eventos, agora talvez, ainda mais importantes, para esclarecer as meia-verdades e falácias que corroem nosso movimento.

    Algumas ações simples do dia-a-dia que ajudam bastante:

    – Não estimular o uso de softwares não livres.
    – Ajudar aqueles que usam softwares não livres a se livrar deles.
    – Sempre que falar deles usar o nome certo: GNU/Linux ao invés de Linux, Software Livre ao invés de código aberto.
    – Aproveitar as oportunidades para falar da liberdade e não da facilidade, ensinando o valor de ser livre.

    Essas são as ações que tenho feito nos últimos 13 anos, sempre com o mesmo entusiasmo e noção de dever ético.
    Claro, para vários eu sou o chato, mas fazer o que né!

    Abraços, boa sorte na sua luta e conte comigo nas trincheiras camarada.

  4. Vc está certo ao dizer que Linux foi um termo usado para ignorar o lado ético, mas o erro nao foi do GNU em ter adotado o Linux como kernel até hoje? Ja que o Linux nao é um projeto oficial do GNU, quem decide o futuro dele é o Linus, entao ele vai fazer o que ele acha certo e que for de interesse dele, isso acabou tornando o GNU dependente de tudo de errado que o Linus fazia no seu kernel.

    Agora eu acho interessante a discussao pelo termo Linux ou GNU/Linux ou GNU no que se refere a definiçao de um sistema operacional. Antigamente os computadores eram do tamanho de uma sala e o shell era as alavancas e botoes que voce apertava pra controlá-lo. Ou seja, o unico software que o computador rodava era o kernel que era o sistema operacional dele. Depois que surgiu o Unix com o modelo de sistema operacional kernel+shell+utils essa se tornou a definição de SO Unix. Veja aos 1min28s quando Dennis Ritchie, o criador do Unix e da linguagem C, diz “The kernel or the the operating system properly”:
    https://www.youtube.com/watch?v=JoVQTPbD6UY
    Então concluo que por definição não está errado chamar de sistema operacional Linux, e sim incompleto, porque dizer o nome do kernel náo implicam em saber qual o sistema operacional que ele forma. Hoje entendo o porquê que o Tanembaum e meus professores da faculdade chamam o kernel de sistema operacional. Concorda?

  5. Atenção: Por favor, não respondam-me por aqui, ao invés disso contatem-me por e-mail ([email protected], ou [email protected]), pela Diaspora (https://diasporabr.com.br/people/cefbe9bb8a66bef6), respondam ao mesmo comentário na Diaspora (https://diasporabr.com.br/posts/322994), ou contatem-me de outra forma descrita no meu site pessoal (http://adfeno.mooo.com).

    Pessoal… Estamos esquecendo de uma parte importante da história: Linux-libre (https://en.wikipedia.org/wiki/Linux-libre#History).

    Agradeço ao Anahuac por mencionar o Alexandre Oliva e muitos outros, apenas precisamos lembrar que, historicamente, o projeto GNU não usa mais Linux (aparentemente desde de 2009), mas sim Linux-libre.

    Adendo: Existem sim distribuições livres que não usam GNU (https://www.gnu.org/distros/free-non-gnu-distros).

    Atenciosamente, ADFENO.
    Tenham um bom dia.

  6. Harry Calahan

    A um tempo atras vi na lista de voces uma discussao sobre usar ou nao servicos de listas e emails proprietarios para discussao sobre SL e vim dar uma sugestao:
    Porque nao usam a Usenet?

    A Usenet é livre e descentralizada desde os anos 80 e continua fora do controle e censura mainstream. É a unica rede anárquica de verdade ainda existente.

  7. Jerônimo Medina Madruga

    Respeitável Anahuac, se seguires com essa linha de escrita, vou sugerir que sejas o vilão da vez no próximo filme da saga “Os Mercenários”, afinal estás virando um terrorista de primeira ao divulgar esse FUD verborrágico 🙂

    Apesar de saber que não vais responder como sempre, afinal escolhes responder somente os questionamentos simples ou que te apoiam, vou fazer algumas perguntas para que as pessoas que tiverem paciência de ler esse teu texto cheio de sofismos não caiam nessa ilusão e possam refletir um pouco. Então vamos lá:

    1) A não ser que eu esteja muito errado, nenhum dos textos e palestras do Stallman tem essa tua interpretação bizarra de que se usa o “GNU” e não “Linux” ou até o politicamente correto “GNU/Linux”. Alias, o projeto GNU recomenda o extremo oposto disso (http://www.gnu.org/gnu/gnu-linux-faq.html.en#claimlinux). Podes explicar quem apoia essa tua interpretação fantasiosa?

    2) Nunca vi Stallman, GNU ou a FSF carregarem tanta hostilidade ao falar tanto do Linus quanto do Maddog. Alias, o Maddog já foi até recomendado para um prêmio pelo projeto GNU (http://www.gnu.org/award/1998/nominees.html). Por que fazes um esforço tão grande em denegrir e ofender as pessoas para tentar sustentar teus argumentos mal estruturados?

    3) O Ubuntu sempre foi o projeto de uma empresa com fins lucrativos. A origem dele não foi perfeita, foi um milionário despejando dinheiro para fazer algo, não um esforço 100% comunitário, e ele já usava drivers fechados muitos antes de 2012. Logo, gostaria de saber de onde nasceu essa tua ideia mirabolante de que o Ubuntu era perfeito?

    4) O movimento do software livre é resumido somente ao Stallman e ao GNU? Acredito que tu deveria expandir teus horizontes, e aprender a conhecer que existem muitos outros projetos e pessoas que fazem software livre e divulgam o mesmo, e reconhecer a importância de todos esses elementos.

    5) Adoras falar das “redes sociais devassas”, mas ainda usas o twitter. Quando vais ser coerente com teu discurso Talibanês?

    6) Por que o pessoal do GNU e da FSF aceita fazer parte do google summer of code, já que o Google é do demônio?

    7) Afinal, tu representa o GNU? Ou a FSF? Pelo que li dos teus textos e os deles, espero veemente que não. Mas de toda forma, me avisa, pois se esse for o caso, eu não apoiarei mais nenhuma iniciativa deles.

    8) Já lesse o texto do Michelazzo? Acredito que tem a tua cara http://www.michelazzo.com.br/textos/voce-traiu-o-movimento-veio

    Tenho mais questionamentos, mas como duvido que irás responder, deixarei guardado para teu próximo post cheio de incoerências 🙂

    Saudações!

  8. Atenção: Por favor, não respondam-me por aqui, ao invés disso respondam ao mesmo comentário na Diaspora (https://diasporabr.com.br/posts/bb6d656042140132f7b7005056ba3b3d), contatem-me por e-mail ([email protected], ou [email protected]), pela Diaspora (https://diasporabr.com.br/people/cefbe9bb8a66bef6), , ou contatem-me de outra forma descrita no meu site pessoal (http://adfeno.mooo.com).

    Vou adicionar algumas notas que podem ou não ajudar:

    1. “When we talk about the whole system, the name “GNU/Linux” gives him [(Linus)] a share of the credit.” (https://www.gnu.org/gnu/gnu-linux-faq.html.en#claimlinux), isso quer dizer que eles apoiam uso do nome GNU/Linux como forma de dar crédito simultâneo aos projetos GNU e Linux que, a saber, são dois projetos totalmente diferentes.

    Além disso, existem outras variações como GNU+Linux (que praticamente a mesma coisa, apenas dando um pouco mais de ênfase na união dos projetos).

    Outras variações que merecem um pouco mais de cuidado ao serem usadas são GNU-Linux-libre e GNU+Linux-libre, que possuem as mesmas observações das anteriores, com a exceção de que o núcleo não é mais Linux, mas sim Linux-libre, o qual geralmente (mas nem sempre!) é utilizado por distribuições livres como as fornecidas pelos projetos Trisquel, Parabola, BLAG, Dynebolic, Dragora, Ututu, Venenux, gNewSense, etc. Como disse no mesmo parágrafo, aparentemente Linux-libre está sendo sinônimo de distribuição livre, mas é bom não esperarmos para que os fatos provem o contrário, sendo assim, é preferível considerar que um sistema possa ser não livre, mesmo usando o kernel Linux-libre.

    2. Que Maddog já foi recomendado nas premiações associadas ao projeto GNU, isso é fato, mas devemos também considerar que o Manifesto GNU mudou com o tempo, o que talvez tenha mudado o critério de avaliação das premiações associadas ao projeto GNU.

    3. Concordo com Jerônimo Medina Madruga (www.anahuac.eu/?p=475#comment-221) quanto ao fato de que o GNU+Linux Ubuntu nunca foi perfeito.

    E faço outro adendo:

    Frequentemente ouço o oggcast (podcasts em formato OGG) Free as in Freedom (http://faif.us/), e observo que, em alguns episódios, os apresentadores comentam sobre as diferenças entre a definição de “livre” segundo o projeto Debian, e a da mesma palavra segundo o projeto GNU. Não consigo me recordar em quais episódios estas diferenças são evidenciadas, mas se eu pudesse, colocaria o link das mesmas. Agora só nos resta saber qual definição seguir. No meu caso, tento seguir a do projeto GNU. Mas não sei quanto a vocês…

    4. Concordo com Jerônimo Medina Madruga (www.anahuac.eu/?p=475#comment-221) quanto ao uso do Twitter, e até digo que achei estranho fazerem uma mesa redonda no FISL para dizer que o resto do pessoal usa Twitter e Facebook. Usar de um programa ou um robô para tal fim é aceitável (como provavelmente é o caso da FSF e sua conta no Twitter), agora usar a rede em si, acredito que não seja recomendável.

    5. “Google’s Summer of Code program no longer presumes that projects call themselves “open source” (a term we cannot accept), so we can participate in it […] GNU has participated in the Google Summer of Code program as a mentoring organization since 2006.” (https://www.gnu.org/software/soc-projects/guidelines.html).

    Não sei se Jerônimo Medina Madruga (www.anahuac.eu/?p=475#comment-221) chamou a Google de demoníaca por conta própria ou como forma de repetir o que o Anahuac falou, até porque não costumo ler muitos blogues não livres, mas de qualquer forma, eis minha observação:

    Falhamos pois associamos tanto o projeto GNU, quanto o movimento do software livre como algo religioso, tanto é que existe a possibilidade de um software maléfico ser livre, e esta possibilidade já foi discutida (https://trisquel.info/en/forum/what-are-your-thoughts-badusb-source-code-release), o projeto só precisa ser enviado ao Free Software Directory.

    6. Quanto ao texto de Michelazzo (que eu também não tinha lido até agora), não pude deixar de observar a parte em que ele diz que o hardware não importa, e preciso fazer um adendo:

    Pois bem, eu raramente visito a página da FSF por motivos pessoais (até porque já li quase tudo que tem lá), muito mais raro ainda é eu visitar o Slashdot, mas vi uma notícia (https://www.fsf.org/blogs/licensing/richard-stallman-answers-questions-on-slashdot.org) onde Stallman diz o seguinte:

    ‘When you say “free hardware” I think you mean hardware whose specs are known, so we can develop free software to run it. I call that “documented hardware”. When I say “free hardware”, it means to transpose the concept of free software to hardware. This means People are free to copy and change the hardware; if it is made from a design, that design must be free, with the same four freedoms that define free software. But that is mostly an issue for future technology. Documented hardware is what we need now.’

    ‘The scarcity of documented hardware is indeed a tremendous problem. In general I don’t see any way we can fix it except by reverse engineering to figure out the specs.’

    Preciso dizer algo mais?

    Atenciosamente, ADFENO.
    Tenham um bom dia.

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