Contrarrevolução para exterminar a filosofia do Software Livre

OSI é uma estratégia de mercado, friamente pensada e levada a cabo de forma magistral, cujo objetivo é exterminar a filosofia do Software Livre. Quando o mercado entende a proposta filosófica do Software Livre, seu alcance e especialmente, as consequências de sua adoção pelos hackers, ficou claro que era necessário reagir. Não se podia permitir a revolução digital, o empoderamento do usuário e a ruptura do processo capitalista de produção. O capital e suas empresas precisavam manter a metodologia de controle de mercado e de seus consumidores.

O objetivo é ressignificar o termo Software Livre, tornando-o inócuo, impotente, meramente técnico e sempre que possível, substituí-lo por Open Source. A filosofia do Software Livre seria, a partir de então, lentamente substituída levando ao extermínio do seu significado original.

Os métodos são diversificados e agem em diversas frentes, com diversos atores. Neste artigo tento mostrar como a estratégia foi levada a cabo. Então respire fundo, abra sua mente e siga-me.

OpenSource Initiative

Fundada em fevereiro de 1998 por Eric Raymond e Bruce Perens https://opensource.org/history, ou seja, 15 anos depois da fundação do projeto GNU e 7 anos depois do lançamento da incorporação do kernel Linux ao sistema operacional GNU. Várias distribuições já garantiam a facilidade de instalar e distribuir Software Livre. Portanto a filosofia do Software Livre já estava sendo amplamente difundida junto com o software em si. Era preciso reagir rápido.

Vejamos os 10 preceitos que definem o Open Source:

  1. Redistribuição livre
  2. Código Fonte
  3. Trabalhos Derivados
  4. Integridade do Autor do Código Fonte
  5. Nenhuma discriminação a pessoas ou grupos
  6. Nenhuma discriminação a nenhuma área de trabalho
  7. Distribuição de Licença
  8. A licença não deve ser específica para um produto
  9. A licença não pode restringir outro software
  10. A licença tem que ser tecnológica e neutra

Fonte: https://opensource.org/osd-annotated

Leia de novo e tente encontrar alguma referência social ou política. Na verdade, fica evidente, a busca pela neutralidade, pela limpeza, pelo tecnicismo. Nenhuma tentativa de ir além do próprio código. Eles fazem um resumo nesta frase:

“A promessa do código aberto é ter melhor qualidade, mais confiabilidade, mais flexibilidade, baixo custo, e o fim do aprisionamento feito pelo fornecedor.”

Qualidade, flexibilidade e custo…. e por último o fim do aprisionamento do fornecedor. Mesmo assim, não se pronuncia a palavra liberdade nem uma única vez. Por que será?

Goodbye Free Software, Hello Open Source

Eric Raymond publica em 8 de fevereiro de 1998 o texto intitulado \”Adeus Software Livre, Olá Código Aberto\” onde ele explica um pouco das motivações por trás da criação da OSI.  Leia você mesmo a carta em http://www.catb.org/esr/open-source.html e depois me siga aqui. Eu encontrei algumas informações interessantes:

  1. O termo \”Software Livre\” deixa as corporações nervosas;
  2. Nosso compromisso é com a excelência técnica;
  3. Preciamos de uma nova marca;
  4. Todos devem mudar a marca \”Software Livre\” por \”Open Source\”. Open Source Software, Open Source Model. Open Source Culture….;
  5. Linus Torvalds foi um dos primeiros a usar o novo termo;
  6. Outros grandes como Jon \”maddog\” Hall, Larry Augustin, Bruce Perence e Phil Huges também adotaram o novo termo. Maddog, inclusive usa o termo FOSS até hoje;

Fonte:  http://www.catb.org/esr/open-source.html

Então não se trata de mera especulação ou de teoria da conspiração: o objetivo é substituir o termo \”Software Livre\” por \”Open Source\” para agradar o mercado. Assim nasce uma organização contrarrevolucionária cujo objetivo é apresentar uma nova definição sobre liberdade de software, que começa com o apoio de grandes expoentes da comunidade Software Livre que se \”convertem\” a nova ordem. Essas pessoas passariam as próximas duas décadas – quase – divulgando e incentivando o conceito de Open Source e também, atacando os fundamentos da filosofia do Movimento Software Livre.

Sempre haverá aquele inocente útil que dirá que se trata da opinião pessoal de Eric e não da OSI. As Polianas que me perdoem, mas Eric não era um ativista qualquer, era fundador da OSI e sua opinião tinha muita importância. Ter citado nominalmente os destaques da comunidade sem nenhuma reação comprova que ele falava em nome desse grupo. Por fim, mas não menos importante: é sério que se espera ver um documento público onde a OSI admita que o motivo se sua fundação e ações são exterminar a filosofia Software Livre?

Métodos

No decorrer dessas duas décadas diversos métodos foram empregados para levar a cabo a missão. O que todas tem em comum são as meias verdades que pendem sempre para o lado do seu interesse. A saber:

  • Misturar conceitos técnicos, legais e filosóficos

No aspecto técnico, o acesso ao código e a forma de desenvolvimento colaborativo, Software Livre e Open Source são idênticos. No aspecto legal, as licenças, em 99% dos casos garantem as 4 liberdades do software, fazendo com que Software Livre e Open Source sejam idênticos. A grande diferença está na esfera filosófica, onde o Open Source rejeita a filosofia do Software Livre e tenta substituí-lo.

  • Repetir que Open Source e Software Livre são a mesma coisa

O método aqui é se aproveitar pelo desinteresse nato dos hackers e nerds com as questões socio-políticas-ideológicas, para difundir que Software Livre e Open Source são a mesma coisa. Essa é uma daquelas meias verdades fáceis de aceitar, pois as diferenças estão no campo das ideias e não no código em si. Sendo o Software Livre um conceito mais famoso e já compreendido pelas comunidades, não há interesse em apontar as diferenças, portanto difunde-se que \”é tudo a mesma coisa\”.

Essa é uma forma de adoçar o discurso para os mais rígidos defensores da filosofia Software Livre, mas é especialmente eficaz com os noviços. Esses, em seus primeiros contatos com o mundo da liberdade do software recebem imediatamente a informação de que Open Source e Software Livre são sinônimos.

  • Substituir \”Free Software\” por \”Open Source\”

Como já ficou claro desde o início, passa a ser cada vez mais recorrente o uso do termo Open para ressignificar o Free. Então o termo aberto passa a ser usado como sinônimo de liberdade. Palestrantes de peso passam a empregar o termo e as comunidades e seus organizadores rapidamente os copiam, pois é assim que funcionam as sociedades meritocráticas. Grupos de usuários, softwares e eventos são criados com o termo. OScon, Open Data, Open Knowledge, Open Hardware.

  • Quantidade é mais que qualidade

O mantra do aumento da participação no mercado foi exaustivamente repetido. O que mais importa é aumentar o número de usuários, mesmo que esses não entendam exatamente do que se trata. Assim o argumento financeiro foi muito mais difundido do que o aspecto libertário.

  • Eliminar o termo GNU

Linus Torvalds não criou um sistema operacional. Todo mundo sabe que Linux é um kernel. O nome do sistema operacional é GNU. Mas faz parte da estratégia eliminar o termo GNU da forma mais ampla possível. Lembrem-se que Linus é um dos primeiros a aderir ao novo conceito de Open Source, então não devemos estranhar o fato dele afirmar \”que é ridículo ter que chamar o sistema operacional de GNU/Linux\”.

Interessante perceber que o projeto linux é licenciado pela GPL, mesmo o assim Linus é um defensor arraigado das diretrizes do Open Source.

Não há como negar a importância estratégica e de mercado na remoção do nome GNU na referência ao Sistema Operacional. Se o objetivo era estabelecer uma nova marca e uma nova ideia, nada melhor do que eliminar a anterior.

  • Criticar a ideologia do Software Livre

Eric Raymond é o mais explicito, mas a quantidade de criticas ao que se chama \”ideologia do movimento\” é enorme. Argumentos como \”o que importa é fazer código\” deixam clara a postura anti filosófica. É como se o Movimento Software Livre tivesse sido criado para produzir código. Vamos lembrar que o objetivo primário é a liberdade do usuário. Fazer código é importante, mas é secundário.

Alcunhas religiosas, partidárias e econômicas são utilizadas de forma recorrente para desqualificar a importância filosófica do movimento. Xiitas! Petistas! Comunistas! Eles dizem.

  • Sobrepor aspectos de mercado sobre os filosóficos

Aspectos econômicos e corporativos passam a ter mais importância do que o alinhamento com o objetivo primário do Software Livre. Qualidade e custo do software são mostrados como vantagens mais importantes do que garantir a liberdade dos usuários, em especial a sua liberdade dos fornecedores de tecnologia. Esse discurso é amplamente divulgado e atrai as empresas.

  • Perseguição sistemática aos conservadores

Qualquer um que se oponha aos termos do Open Source deve ser execrado. Acusações de ordem pessoal, de destruidor de comunidades, de agitador, de comunista, louco, radical, xiita, etc… são muito bem-vindas. Afinal de contas não é aceitável ter uma posição contrária aos interesses do mercado, do capital e da liberdade de escolha.

Essa é a irmandade fascista que me fez cunhar o termo OSIsta. São defensores dos preceitos Open Source e se dedicam de forma ativa e consciente a levar a cabo a extinção da filosofia do Software Livre.

Consequências

Inicialmente a comunidade Software Livre acreditou que ter mais um grupo organizado defendendo a liberdade dos usuários, mesmo sob uma ótica mais pragmática, seria algo positivo. Os argumentos de que era necessário suavizar o discurso para termos apoio empresarial parecia interessante. Mas \”quando você dança com o diabo, você não muda o diabo, o diabo muda você\”.

  • Complacência com as redes devassas;

Empresas como Google emergiram usando Softwares Livres sob a alcunha de Open Source. Usando brechas legais, tanto das licenças GPL quanto das licenças OSI, usaram e se apropriaram de tudo o que quiseram. Especialmente por proverem SaaS – Software como serviço na Internet, onde não se distribuem cópias do software, não ferindo a V2 da GPL. E isso foi comemorado como prova da grande qualidade técnica do Open Source e portanto um modelo que devia ser expandido e copiado. Rapidamente quase todas as comunidades de Software Livre do mundo passaram a achar natural usar as soluções do Google, seus e-mails, listas de discussão, disco on-line e todo o resto. A cereja do bolo foi a chegada do Android.

Uma vez cooptados pelo Google, ter conta no Facebook e WhatsApp não é mais um problema. Assim os grupos de Software Livre não eram mais centros de resistência fora do esquema padrão de mercado. Passaram a ser apenas mais um grupo de ativistas dentro da grande bolha de dados e informação que essas redes são.

  • Aceitação de estratégias não éticas de mercado;

As empresas que usam ou investem em Open Source começam a se comportar como empresas e iniciam suas estratégias não éticas. A reação da comunidade é o termômetro. O primeiro teste explícito foi a distribuição de um spyware pela Canonical na versão 12.10 do Ubuntu. Apesar das duras críticas por parte da FSF, a maioria dos grupos de usuários e comunidades achou suficiente uma correção para remover o spyware.

É como se a ativação escondida de um spyware fosse um erro de sistema e não uma estratégia comercial. Os defensores dos preceitos do Open Source encaram assim.

  • Relativismo moral com softwares não livres aderentes;

A medida em que a visão do Open Source ganha força, Linus Torvalds decide incrementar a quantidade de blobs/drivers/firmwares não livres no kernel linux. Esse aumento tornou o kernel compatível com um número muito maior de aparelhos, pois não há necessidade de se fazer engenharia reversa. Basta aceitar os termos do fabricante. A súbita compatibilidade foi comemorada pela maioria, mesmo sabendo que o custo era o de disseminar cada vez mais software não livre.

Entre as distribuições, o Ubuntu foi precursor e disparou na frente por não ter nenhum pudor em instalar os drivers sem sequer informar ao usuário. Mas o melhor exemplo desse fenômeno é o Android. Mais de 85% do mercado de smartphones atualmente usam o kernel linux para poder executar prioritariamente softwares não livres.

  • Aumento geométrico da hipocrisia filosófica dos expoentes da comunidade;

Os expoentes do Movimento Software Livre foram, gradativamente, se alinhando com os preceitos Open Source. Fosse usando as ferramentas não livres do Google, fosse usando aparelhos da Apple, fosse aceitando a inclusão de drivers não livres no kernel, fosse aceitando a mudança no nome do sistema operacional, fosse pela adoção exclusiva do mascote do Linux – Tux – como símbolo do Software Livre, fosse nas criticas ferrenhas ao Stallman. Fosse tudo isso junto.

A maior confirmação desse fenômeno é o FLISOL – Festival Latino Americano de Instalação de Software Livre que se transformou em um Install Fest de Ubuntu. Esses ativistas acreditam realmente que estão disseminando Software Livre, quando na verdade, estão apenas perpetuando a percepção da OSI com sua complacência com os padrões de mercado.

  • Aproximação gradual das empresas de TI ao Open Source

Grandes empresas avaliam riscos para tomar as decisões que lhes favoreçam. A adesão crescente de empresas ao Open Source mostra que já aconteceu uma subversão do significado de Software Livre. A percepção é de que não há riscos aos seus modelos de negócio e de que elas podem sim se beneficiar do modelo de produção colaborativa, da qualidade e do baixo custo de produção, sem correr riscos.

O Open Source funciona como uma ferramenta de fortalecimento de suas posições de mercado, e em nada se parece com o discurso original do Software Livre, de garantir as liberdades dos usuários.

Fatos recentes

  1. A Linux Foundation publicou um documentário, em formato de animação gráfica em 6 episódios para contar a história do Linux. A palavra GNU não é mencionada nem uma única vez. Interessante assistir para ver como eles confundem, deliberadamente, kernel e sistema operacional. http://www.linuxfoundation.org/world-without-linux
  2. Numa entrevista recente para o TED. Linus Torvalds diz \”Software Livre era como se dizia Open Source antigamente\”. O recado é claro: não diga mais Software Livre, diga Open Source. É como se Open Source fosse a evolução do Software Livre. Aos 00:04:09 https://youtu.be/o8NPllzkFhE
  3. Com exceção da FSF absolutamente ninguém critica o aumento vertiginoso de softwares não livres no kernel Linux. Ao que parece a possibilidade de poder removê-los é suficiente.
  4. Não é sem querer que a \”Microsoft ♥ Linux\”. Agora que o nome do sistema operacional é Linux e seu viés ideológico é mercantilista, então já é seguro amar o Open Source. https://blogs.technet.microsoft.com/windowsserver/2015/05/06/microsoft-loves-linux/
  5. Microsoft ♥ Linux que ♥ Microsoft de volta… é recíproco. A MS se une a Linux Foundation como Patrocinadora Platinum! http://www.tecmundo.com.br/microsoft/111752-improvavel-aconteceu-microsoft-junta-linux-foundation.htm

É claro que você pode não concordar com nada e me chamar de conspiracionista. Foi isso o que disseram quando falamos sobre o Google ler seus e-mails. Foi isso o que disseram quando alertamos sobre a vigilância global. Foi isso o que disseram quando alertamos sobre o enfraquecimento das comunidades ao migrarem para as redes devassas. Foi isso o que disseram quando alertamos sobre o desalinhamento dos eventos de Software Livre.

OSI é uma estratégia de mercado, friamente pensada e levada a cabo de forma magistral, cujo objetivo é exterminar a filosofia do Software Livre.

E está conseguindo.

7 comentários em “Contrarrevolução para exterminar a filosofia do Software Livre”

  1. É por isso que mesmo as críticas e tudo mais, eu sempre falo que uso GNU/OS. Já passou da hora da FSF lançar mão de ficar sempre pedindo doações para se manter e contratar uns desenvolvedores para meter um completo sistema GNU. GNU/Mach ou que seja GNU/Hurd.

    Mas pra mim é preguiça mesmo e é mais fácil ficar dependendo do Linux e evitar investir firme no HURD. Apenas a minha opinião do que apenas eu vejo.

    Nada contra o RMS mas o mesmo só quer ficar pedindo doações pra bancar suas palestras e rabiscando algo no Emacs, eu sei que vão me criticar, mas é o que vejo. Sem contar que todo os vídeos e palestras que assistir é o mesmo roteiro e as mesmas palavras. Também já passou da hora do Stallman botar a mão na massa e produzir mais.

  2. Acho ruim o termo free pois em inglês está mais associado a “de graça”. Não gosto também do Open pois não trás a referência da liberdade explícita, mas em inglês uso Open Software por falta de opção. Mas em português uso sempre software livre. O que acompanho do movimento vejo um afinamento maior de ideais entre a OSI e a FSF do que você, tem uma diferença de filosofia, mas acho que isso mais as complementa do que enfraquece. Também vejo o motivo da aproximação de grandes empresas em direção ao SL não como mérito da OSI e nem pela mudança do Linux em aceitar partes prioritárias no kernel. Acho que isso está muito mais ligado a computação distribuída onde as empresas começaram a ganhar no hardware e no serviço. Mas é sempre bom debater SL, obrigado pela abertura do espaço 😉

  3. A liberdade do software interessa a poucos. A facilidade, a muitos. Os velhos apelos que me levaram a conhecer o GNU e a usar GNU/Linux não parecem mais se sustentar, as distribuições ficaram todas iguais e sem graça (ao mesmo tempo em que todas se tornaram verdadeiramente usáveis), e eu não vejo mais muitas pessoas ajudando nos fóruns, até porque as perguntas se tornaram chatas e repetitivas. Enfim, parece que o tempo passou, eu vou usar qualquer coisa e se me atender e não fizer atualizações a cada 15 minutos como o WIndows 10, estou feliz. Como sou somente um usuário, como quase todo mundo, não vejo como se sustentar essa discussão, que parece mais coisa de quem quer defender partido político, quando todos são farinha do mesmo saco.

  4. Pingback: Porquê alguns ativistas do Software Livre não recomendam mais o Linux? – O que der na telha

  5. @Leonardo

    Eu não posso falar pela FSF (além disso, diga-se de passagem, não trabalho lá), mas meus cinco anos como estudante do movimento em si (desde 2011) e completando quase um ano como ativista (desde o final de 2015), noto que eles colocam de fato a mão na massa (e a cara a tapas quando devem) também. É o conceito de “mão na massa” das pessoas que precisa ser mudado.

    Cada pessoa tem seu papel no grupo social em que se insere, e se não fizer o trabalho direito, os outros saem prejudicados. Vou listar alguns nomes aqui, que podem ou não fazer parte da FSF, mas com certeza são parte do movimento: Richard Stallman, Bradley Kuhn, Karen Sandler, Matthew Garrett, Mike Gerwitz, Eben Moglen, Ludovic Courtès, André Silva, Alexandre Oliva, Felipe Sanchez, John Sullivan, John Hsieh, Donald Robertson, Georgia Young, Jasimin Huang, Jeanne Rasata, Matt Lavallee, Ruben Rodriguez, Stephen Mahood, Zak Rogoff, Gerald J. Sussman, Geoffrey Knauth, Leah Rowe, Christopher Waid, Christopher Allan Webber, David Thompson, Leonardo Fontenele, Anahuac de Paula Gil, Aracele Torres, Alessandro Feitosa, Carlisson Galdino, Daniel Pimentel, Loic Cerf, Jason Self, Julie Marchant, Luke Leighton, Kat Walsh… E por ai vai (eu poderia continuar com muitos outros nomes, todos eles com o mesmo nível de importância). Cada um destes tem um papel importante. Alguns trabalham apenas palestrando, outros traduzindo, outros realmente “colocando a mão na massa” (contribuindo via repositórios de desenvolvimento colaborativo), outros via suporte técnico, outros via gestão de relações públicas (ainda mais agora que a FSF encontra-se em uma situação delicada, a qual prefiro reservar para uma conversa em particular via e-mail, se tiveres interesse em saber mais), outros ainda não fazem nenhum destes, mas contribuem dando aulas, auxiliando em questões relacionadas a licenciamento, ou simplesmente administrando questões contábeis.

    Sobre o Hurd: Até onde sei, fui informado que este é desenvolvido para fins de estudo, e que, apesar de eventualmente poder um dia substituir o kernel Linux, a FSF não considera ele como um projeto prioritário pois já existem outros projetos (não relacionados ao GNU nem à FSF) que geralmente optam por fazer uma combinação livre entre os programas vindos do projeto GNU e o kernel Linux. Pode se citar: Trisquel, Parabola, gNewSense, GuixSD, Dynebolic, Ututo, Dragora, e outros que não me recordo se incluem o kernel Linux por padrão, tais como LibreCMC, ProteanOS e Replicant.

    Por fim, sugiro que uses a expressão “uso um, dos vários, GNU com Linux”. Pelos meus comentários que já fiz neste blogue, penso não ser necessário me repetir. Mas podes entrar em contato comigo por e-mail caso queiras uma explicação detalhada.

    @n2omatt

    Te referes às fontes de texto? (E.g.: FreeSans)

    @Roberto

    Os dicionários mais atuais de inglês colocam “free of charge”, e não “free”, como sinônimo para “gratis”. Logo o único ruido de comunicação aqui vem do costume dos próprios falantes do inglês em encurtar “free of charge” para “free”, mas isso pode ser considerado um vício, e não algo oficialmente definido na lingua em questão.

    De qualquer modo, entendo tua preocupação (na verdade, até o Stallman entende), e é por isso que recomenda-se manter (seguir usando) a palavra “free”, acompanhada de “libre” se estiver falando em inglês, e se o espectador/receptor da mensagem não entender (ou se você quisar reforçar a ideia principal): diga que se trata de uma questão de liberdade, e não de preço, e que software livre **pode ter** custo monetário. Ironicamente, se o dono do software em si proibir a comercialização deste, este pode ser considerado como não livre (exceto em alguns casos específicos que agora não me recordo, mas alguns exemplos estão previstos na última versão da GNU GPL).

    Sei que isto ainda não foi mencionado, mas deixo um adendo: O modelo de negócio “open core” não está em favor do movimento do software livre. Atualmente, os voluntários contribuidores do Free Software Directory estão estudando a possibilidade de remover as entradas de software que usa o modelo de negócio “open core” (ou, eles provavelmente modificarão tais entradas de alguma forma). A argumentação contra tal modelo de negócio observa que este contribui para a sugestão de software não livre, ainda mais pois a maioria dos projetos sob “open core” fazem sugestões de software não livre.

    @Kondor

    Temo que não é uma questão de interesse, mas sim de identificar o que é desejo, e o que é necessidade.

    Em marketing, estudasse a diferença entre estes dois e, resumidademente, necessidade é considerada como algo essencial, sem a qual as coisas ficam incompletas. Desejos, por outro lado, são subjetivos, e podem não refletir as necessidades, pois, a sociedade nem sempre sabe do que necessita, apesar de desejar algo diferente.

    Com isso, é necessário observar que, com o advento da famosa “Internet das Coisas”, é bem provável que a socieade necessite de software livre, ou coisas horríveis podem acontecer, tais como: Máquinas de raio-X ferindo pessoas (se não recordo, havia uma máquina que fazia isso), carros se comportando de forma não desejada pelo piloto (procure pelo escando de emissão de poluentes envolvendo a Volkswagen para ter um exemplo atual e menos grave), equipamentos cardiacos implantados dando descargas elétricas em pessoas ainda conscientes (acontece muito com grávidas, inclusive tem um artigo sobre isso, mas não me recordo o nome, não estou em casa agora, mas tenho a lista de referências guardadas, caso queiras).

    Eu também não sou usuário avançado, e atualmente uso o Trisquel para ter um ambiente de trabalho amigável, e o Guix para ter programas de computador atualizados. Eu faço a atualização manualmente a cada um final de semana, e quase nunca sou incomodado, além de poder deixar o computador ligado para fazer isso. Além disso, pelo menos para o caso dos programas instalados via Guix, se alguma atualização der errado, eu posso sempre voltar atrás usando os recursos do Guix.

    Sobre a atividade dos diversos defensores: A mesma resposta que dei ao Leonardo se aplica aqui.

  6. Gostei do blog, muito bom o texto. Compartilhei com vários colegas de trabalho 😉

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